quinta-feira, 29 de maio de 2014

O dia que não terminou

Ainda são 23h59 do dia 30 de maio de 2013. Não consigo me mover. Abro os olhos e vejo um mar de lágrimas, de pessoas que se abraçam e gritam, misturando a felicidade com o choro que estava retido há mais de 40 anos.

Vou me recuperando aos poucos. O silêncio que dava dentro de mim se foi devagar e, bem lentamente, minha audição voltava a captar alguns sons: primeiro vieram gritos de alívio, depois os gritos em forma de prece e o nome de um santo ecoado. 

"Victor! Victor! Victor!". O que acaba de acontecer, meu Deus? O que este santo que veio a Terra em forma de goleiro acaba de realizar? Essa é a prova de que milagres existem, Senhor? Por que não consigo falar, Senhor? Por que nós, Senhor?

Não consigo mais distinguir o dia da noite. Não consigo visualizar mais outra coisa a não ser um pé esquerdo levantado contra todos aqueles paradigmas que tanto aprontaram com a minha vida de torcedor Atleticano. Não consigo mais iniciar um ano com o "pé direito", pode dar azar ou (por que não?) ser considerado heresia contra um santo. Melhor não arriscar...

Ainda são 23h59 do dia 30 de maio de 2013. Vieram mais dias, mais noites, mas ainda são 23h59 do dia 30 de maio de 2013. Ainda estou vendo um goleiro levantar a perna esquerda e mudar a história. Ainda estou vendo um sonho se tornar realidade. A vida não parou, novos momentos (e decepções) vieram, mas ainda são 23h59 do dia 30 de maio de 2013. Se existem momentos eternos, este será um que ninguém irá conseguir retirar, mudar ou substituir. Ainda são 23h59 do dia 30 de maio de 2013. Riascos partiu para a bola...

VIIIIIIIIIIIIIIIIIIICTOR!
Rafael Orsini

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