domingo, 14 de julho de 2013

Você tem fé?


"(...) nenhum séquito futebolístico brasileiro se compara a massa do Clube Atlético Mineiro em mística apaixonada, 
em anedotário heróico, em poesia acumulada ao longo dos anos."

Usualmente costumamos relacionar fé com religião e outros entes. Mas naquela quarta-feira, 10 de julho, a fé não se restringia somente a esse quesito. Em qualquer canto do estádio, da cidade, do estado e assim sucessivamente, notava-se a presença de um Atleticano que se agarrava a algum objeto, alguma crença, que acreditava em algo. Notava-se um Atleticano que tinha fé que o Galo avançaria à final da Copa Desfibriladores da América.

Decerto não seria nada fácil reverter a grande vantagem feita pelo adversário, ainda mais sem poder contar com o capitão Alvinegro. Todavia, o Atlético poderia contar com a força do torcedor, aquele mesmo que se agarrava a tudo que podia. Tanta figa deu certo, quando logo aos três minutos Bernard, vilão em Rosário, abriu o placar.

Parecia que a história teria outro rumo, parecia que seria mais uma bela exibição do Atlético. Mas o Atleticano não queria se desfazer de seus amuletos e continuava agarrado aos mesmos. A cada minuto que se passava, o drama aumentava e o "sonho" tinha jogadas a menos para ser concretizado.  Não passava pela cabeça de ninguém que o Galo seria eliminado em casa, diante de tão fanática e valente torcida. Ninguém cogitava relembrar que na reinauguração daquele mesmo estádio, o Atlético havia sido eliminado em um mata-mata. O clima era tenso.

Aos quinze da etapa final, a euforia, os cânticos e a alegria davam lugar ao desespero, à preocupação. Não há como culpar a torcida pelo silêncio do Horto. Era uma situação completamente atípica, nunca vivida ou sentida antes pelo torcedor. Preferíamos apoiar o time com a nossa fé silenciosa do com que a nosso grito imponente. Mesmo diante da catimba argentina, da visível aflição dos nossos jogadores. Algo precisava ser feito, porque da maneira como estava, o final ofuscaria e desmancharia um planejamento de meses, um ano. Desmancharia um sonho.

Foi então que em um paradoxo perfeitamente compreensível, as luzes do Independência se apagaram, para que o Atlético pudesse voltar a brilhar. Restavam menos de quinze minutos. O time precisava de força para fazer um gol.

Essa força veio do banco, veio da conversa de Cuca. Criticado por tantos, ele não só motivou o time como também promoveu uma alteração que possivelmente lhe daria a caracterização de vilão, caso desse errado. Foi então que nada mais fazia sentido. Por que Guilherme, tão apagado em outros jogos, seria útil em um jogo de suma importância? O torcedor não tinha outra opção, senão cantar o mais alto que podia, demostrando fé.

E então, em seu segundo chute, Guilherme fazia o segundo, para delírio do torcedor. Nos pênaltis, duas vezes o terror voltava a aparecer. Jô e Richarlyson se candidatavam ao posto de vilões, mas foram salvos pela incompetência alheia. Ronaldinho fazia o último gol da sequência de cinco pênaltis batidos pelo Atlético. E aí, nos pés de uma das maiores figuras do time argentino, Maxi Rodríguez, surgia mais uma poesia - como já dizia Armando Nogueira - para a coleção Alvinegra. Surgia nos pés dele e se concretizava nas mãos do mais recente ídolo, Victor.

Depois de tanto drama, cabe agora, a nós Atleticanos, pensar: algum dia imaginamos que Guilherme nos colocaria na final da Libertadores? Algum dia imaginamos que chegaríamos à final, com chances tão evidentes de levantar a taça? Se chegamos tão longe, depois de passar por situações tão tristes e adversas, por que deixaremos tudo desmoronar? O fim está próximo e a fé, os gritos, os cânticos, a força do time e da torcida, principalmente, poderão torná-lo um final feliz, enriquecendo o repertório de feitos heroicos do Atlético, que o cronista carioca tanto frisava.  

Keep calm and #vamuGalo

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