sábado, 7 de julho de 2012

A Mais Bela Música

Aquela solitária lágrima que escorria pelo rosto pintado metade de preto e metade de branco não escondia o acontecimento de algo insólito. Junto ao choro incontido e a rouquidão da voz que cantava o hino, surgia um sorriso de canto de boca, quase imperceptível, mas que clareava a ideia de que aquele pranto não era de angustia. Eram lágrimas emocionadas. 

Enquanto em campo os jogadores corriam feito leões famintos, nas arquibancadas a torcida não parava de cantar um minuto sequer. Quanto mais corriam os jogadores, mais alto se tornava o som do coral de atleticanos no estádio. Para os leigos aquele barulho era ensurdecedor, mas para cada alvinegro ali presente, aquele som era tão harmonioso quanto uma composição de Beethoven.

O nome dos jogadores era ovacionado por um estádio inteiro; a mágoa recente dava lugar à esperança. Se houvesse um momento para apoiar, aquele era um; ninguém sabia se seria ou não ilusão, mas estavam confiantes no time. Em campo; Víctor fazia defesas que pareciam impossíveis; Rafael Marques demonstrava a tradicional raça e seriedade; Pierre, como era de praxe, comemorava cada bola isolada; Ronaldinho desfilava em campo e demonstrava uma categoria inigualável nos passes; Bernard inquietava a defesa adversária com seus dribles e sua velocidade; Jô brigava por toda bola, fazia pivô e era perigosíssimo quando finalizava a gol; a beira do campo Cuca gritava e fazia gestos sobre como o time deveria se posicionar. Tudo funcionava perfeitamente.

A correria para comprar ingressos durante a semana era igual a do time para ganhar cada disputa de bola.

Antes do jogo vários torcedores ainda tentavam comprar seus ingressos com os cambistas, enquanto os que já tinham o bilhete tomavam a tradicional cerveja.

A cada jogada de perigo do time a confiança do torcedor aumentava mais e mais, confiança tanto na vitória quanto na manutenção da liderança isolada no campeonato. O torcedor compreendia que o momento de “cornetar” não era aquele; embora alguns protestos, de certa maneira justos, ainda existissem; mas nada que atrapalhasse e desmotivasse a torcida a cantar e apoiar. Todos em uma só voz, sem importar o lugar do estádio, cantavam como se fizessem parte de um coral.

O Galo dominava o jogo, se a torcida parecia um coral, os jogadores eram uma orquestra regida pelo maestro gaúcho Ronaldinho. Por mais que o time jogasse bem, o adversário não deixava o time concluir as jogadas. Na defasa o time estava tranquilo, Víctor já tinha feito uma defesa salvadora no primeiro tempo e a zaga afastava todas bolas alçadas na área.

Aos 47, no último lance do jogo, Pierre roubou uma bola no meio de campo, tocou para Ronaldinho que driblou dois e lançou para Bernard, o garoto arrancou pelo lado esquerdo e tocou para Jô que fez o pivô e devolveu para Pierre que chegou chutando para decretar a vitória do Galo por um placar mínimo. O estádio parecia que iria abaixo, aquele gol não era o do título, mas a torcida entendia que todos os gols durante o campeonato eram “gols de título”, afinal todos teriam a mesma importância ao fim do campeonato.

Ao soar o apito que indicava o fim do jogo, os jogadores comemoravam todos juntos, a orquestra atleticana fizera música e nas arquibancadas o coral cantava alucinadamente.

“Dia perfeito!”, foi o que saiu da boca do torcedor de rosto pintado, a lágrima solitária e emocionada que escorria vagarosamente pelo rosto metade preto e metade branco era tão perceptível quanto à rouquidão da voz que cantava o hino de maneira atônita e apaixonada.

O Galo voltava a ser Forte e Vingador e o ideal da torcida voltava a ser: “CANTAR, CANTAR, CANTAR”.

A sinfonia dentro de campo era complementar ao coral das arquibancadas e juntos, time e torcedores, formavam a mais bela música.

 ABRAÇÃO MASSA!
Matheus Canazart

 Edição sobre imagem de Moacir Gaspar | Blog Somos Galoucura

2 comentários:

  1. a mais bela sinfonia regida pela torcida do Galo aos poucos esta voltando aos estádios ! com o grito da massa o Atlético vai conquistando as vitórias e fazendo jogos sofridos, como tem que ser os jogos alvinegros !
    de grão em grão é que o Galo enche o papo, seremos CAMpeões !
    CAAAAAANTA POOOOOOORRAAAAAAAAA !!!

    Ps: mais um belo texto do poeta Canazart,Mateus.

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