Aquela solitária lágrima que
escorria pelo rosto pintado metade de preto e metade de branco não escondia o
acontecimento de algo insólito. Junto ao choro incontido e a rouquidão da voz
que cantava o hino, surgia um sorriso de canto de boca, quase imperceptível, mas
que clareava a ideia de que aquele pranto não era de angustia. Eram lágrimas emocionadas.
Enquanto em campo os jogadores
corriam feito leões famintos, nas arquibancadas a torcida não parava de cantar
um minuto sequer. Quanto mais corriam os jogadores, mais alto se tornava o som
do coral de atleticanos no estádio. Para os leigos aquele barulho era
ensurdecedor, mas para cada alvinegro ali presente, aquele som era tão
harmonioso quanto uma composição de Beethoven.
O nome dos jogadores era
ovacionado por um estádio inteiro; a mágoa recente dava lugar à esperança. Se
houvesse um momento para apoiar, aquele era um; ninguém sabia se seria ou não
ilusão, mas estavam confiantes no time. Em campo; Víctor fazia defesas que
pareciam impossíveis; Rafael Marques demonstrava a tradicional raça e
seriedade; Pierre, como era de praxe, comemorava cada bola isolada; Ronaldinho
desfilava em campo e demonstrava uma categoria inigualável nos passes; Bernard
inquietava a defesa adversária com seus dribles e sua velocidade; Jô brigava
por toda bola, fazia pivô e era perigosíssimo quando finalizava a gol; a beira
do campo Cuca gritava e fazia gestos sobre como o time deveria se posicionar.
Tudo funcionava perfeitamente.
A correria para comprar ingressos
durante a semana era igual a do time para ganhar cada disputa de bola.
Antes do jogo vários torcedores
ainda tentavam comprar seus ingressos com os cambistas, enquanto os que já
tinham o bilhete tomavam a tradicional cerveja.
A cada jogada de perigo do time a
confiança do torcedor aumentava mais e mais, confiança tanto na vitória quanto
na manutenção da liderança isolada no campeonato. O torcedor compreendia que o
momento de “cornetar” não era aquele; embora alguns protestos, de certa maneira
justos, ainda existissem; mas nada que atrapalhasse e desmotivasse a torcida a
cantar e apoiar. Todos em uma só voz, sem importar o lugar do estádio, cantavam
como se fizessem parte de um coral.
O Galo dominava o jogo, se a
torcida parecia um coral, os jogadores eram uma orquestra regida pelo maestro gaúcho
Ronaldinho. Por mais que o time jogasse bem, o adversário não deixava o time
concluir as jogadas. Na defasa o time estava tranquilo, Víctor já tinha feito
uma defesa salvadora no primeiro tempo e a zaga afastava todas bolas alçadas na
área.
Aos 47, no último lance do jogo,
Pierre roubou uma bola no meio de campo, tocou para Ronaldinho que driblou dois
e lançou para Bernard, o garoto arrancou pelo lado esquerdo e tocou para Jô que
fez o pivô e devolveu para Pierre que chegou chutando para decretar a vitória
do Galo por um placar mínimo. O estádio parecia que iria abaixo, aquele gol não
era o do título, mas a torcida entendia que todos os gols durante o campeonato
eram “gols de título”, afinal todos teriam a mesma importância ao fim do
campeonato.
Ao soar o apito que indicava o fim do jogo, os
jogadores comemoravam todos juntos, a orquestra atleticana fizera música e nas
arquibancadas o coral cantava alucinadamente.
“Dia perfeito!”, foi o que saiu
da boca do torcedor de rosto pintado, a lágrima solitária e emocionada que escorria
vagarosamente pelo rosto metade preto e metade branco era tão perceptível quanto
à rouquidão da voz que cantava o hino de maneira atônita e apaixonada.
O Galo voltava a ser Forte e Vingador
e o ideal da torcida voltava a ser: “CANTAR, CANTAR, CANTAR”.
A sinfonia dentro de campo era
complementar ao coral das arquibancadas e juntos, time e torcedores, formavam a
mais bela música.
ABRAÇÃO MASSA!
Matheus Canazart
Edição sobre imagem de
Moacir Gaspar | Blog Somos Galoucura
.
ResponderExcluira mais bela sinfonia regida pela torcida do Galo aos poucos esta voltando aos estádios ! com o grito da massa o Atlético vai conquistando as vitórias e fazendo jogos sofridos, como tem que ser os jogos alvinegros !
ResponderExcluirde grão em grão é que o Galo enche o papo, seremos CAMpeões !
CAAAAAANTA POOOOOOORRAAAAAAAAA !!!
Ps: mais um belo texto do poeta Canazart,Mateus.