Quarta feira, todos acordavam com um único pensamento: hoje tem jogo do Galo. Nada tinha importância senão a partida deste clube. Nem mesmo uma semi-final de Champions League fazia sentido. Queríamos ver as cores preto e branca dentro de campo. Queríamos ver o Atlético jogando e fazendo a nossa alegria. Olhávamos inquietos para o relógio, à espera do horário marcado para a bola rolar. Não aguentávamos mais esperar, era grande a angústia.
Eis que a bola rolava e mal sabíamos nós que toda aquela angústia não seria nada, perante a tristeza que sentiríamos com aquele jogo. A partida já começava com pistas do que nos aguardava: o Galo não conseguia tocar bola, não tinha o controle do jogo. O desespero, incoerente com a situação, já parecia presente. O Goiás aproveitava e criava chances. Luiz Eduardo cometia erros primários e de um deles, sairia o primeiro gol dos goianos.
Uma falta de jogador de várzea colocaria-nos atrás do placar. Giovanni bem que tentou, mas no rebote o gol estava aberto e ninguém apareceu para impedir que Tolói marcasse. Começava a queda de uma enganosa campanha, invicta até então. Teríamos de sair para o jogo. Marcos Rocha pouco se importava; andava em campo, como se estivesse a observar a natureza, enquanto nós quase explodíamos de raiva. Era um claro sinal de desrespeito.
Quando alguém "escapava" e conseguia criar uma jogada, André tentava os seus previsíveis giros e perdia a bola... Esse é o atacante de milhões de euros. Escudero tentava tabelar, mas esbarrava na falta de qualidade da devolução. Aos poucos, deixava de aparecer no jogo. Fillipe Soutto jogava com a camisa 10, pela primeira vez. Não culpo o treinador, afinal, a Copa do Brasil é uma competição para se testar os jogadores, não é mesmo?
Os que se esforçavam e tentavam mostrar ao menos uma gota de suor pareciam repudiados pelo restante do elenco. Réver consertava uma besteira do outro zagueiro e tentava uma arrancada; em vão. Mas pra que desanimar? Ainda tinha o segundo tempo, "Berolinha" iria resolver. É, o segundo tempo veio, mas o segundo gol também. Richarlyson caía como se no campo tivesse sabão. Do cruzamento, um tal de Ricardo Goulart, aumentou.
O time tinha a posse da bola, mas não criou uma oportunidade perigosa. Enquanto isso, na defesa, Giovanni salvava; ele parecia ter vontade. Bernard entrou para ser expulso. Em 5 minutos, levou dois cartões e foi embora. O melhor era que o jogo acabasse para que não fossemos ainda mais humilhados. No segundo teste do ano, vinha a primeira derrota. Para que ficar triste? O Campeonato Mineiro está na palma das nossas mãos... Pífio.
Cada vez mais, o Atlético entra em um retrocesso sem fim. Não existe vergonha, não existe raça, não existe caráter por parte dos jogadores. O time é visto como piada, ano após ano. Se um grande jogador aceita jogar aqui, não tenha dúvidas, é pelo dinheiro. Em 2006 tínhamos um elenco frágil, mas que disputava cada bola como se fosse a última de suas vidas. Raça... Quem diria que nem com isso poderíamos contar. Até mesmo a paixão diminui, mesmo que involuntariamente, a cada exibição patética. Eu já perdi a esperança, já não tenho mais vontade.
Enquanto isso, a torcida critica veementemente aqueles que tentam mostrar serviço; criticam o torcedor mais realista, que já sentia tal derrota. Critica até mesmo o massagista, que trabalha ardosamente pelos mercenários, que são idolatrados por grande parte da massa. Chega disso! Enquanto houver aceitação, as coisas não mudarão. Daqui dois dias, todos estarão no estádio, torcendo por esta vergonha. Foi-se a época que éramos respeitados.
Você que lê, fica bravo, por ser insultado; não consegue admitir a dura realidade. Mas, enquanto não aceita críticas ao seu clube, recebe em troca um insulto ainda maior, vindo de dentro do campo. É sempre assim, ninguém age, ninguém toma a iniciativa, ninguém honra nossa camisa. E será assim por mais longos anos, se não mudarmos de postura. Somos nós que temos de mudar, pois os dirigentes e os jogadores só querem saber do dinheiro.
Chega de preocupar-nos com besteiras, chega de criticar o outro torcedor, desacreditado. Critique os MERCENÁRIOS que representam as nossas cores em campo, grite pelo Atlético do passado, que trazia alegrias à massa. Não aguento mais ver esta VERGONHA dentro de campo. Esse não é o Galo pelo qual me apaixonei...
Eu quero o Galo de volta!
Pedro Henrique Uchôa
Pedro, compartilho de boa parte do q expressou no texto, praticamente tdo, mas a minha esperança existe e continuará a existir pelo que o Atlético representa e pelo q foi no passado. Mandou mto bem no texto. Show de bola!
ResponderExcluirO futebol mudou! O jeito de jogar mudou, os jogadores mudaram, a torcida mudou, o clube mudou, o mundo mudou!!! Apesar de todas as mudanças o caminho para o sucesso continua o mesmo, simplicidade, trabalho arduo, vontade de vencer, honestidade, SONHOS!
ResponderExcluirO Clube Atletico Mineiro perdeu seu rumo, seus sonhos, sua garra, sua identidade!!!!! Isso pode ser constatado ao longo do tempo!!! O coração vai endurecendo e vamos colocando esse galo pro lado, espero um dia reacender a chama, o amor, paixão é coisa passageira!!!
Saudações.
Obrigado Leide... Talvez minha falta de esperança se deva ao fato de eu nunca ter visto o Galo conquistar um título expressivo.
ResponderExcluirexcelente texto Pedro! disse tudo que se passa na cabeça e no coração da maioria da Massa! minha paciência acabou..esperança tbm..só me dói meu um amor tão grande ir embora assim...
ResponderExcluirParabens cara, essa é a nossa revolta, obrigado por dar voz a nosso sentimento! o Galo precisa da gente, precisamos nos mover para um dia " Termos nosso Galo de Volta "
ResponderExcluirFicou muito legal o texto Pedro, meus parabéns. Eu vi grandes craques jogarem aqui e me decepciono e muito com essas campanhas feias que o time faz. O gosto de ver o time jogar, realmente diminui.
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