Vaiando a solução

Antes de mais nada, que fique bem claro que a maravilhosa torcida atleticana não tem culpa de nada. Não comemora um título expressivo há mais de 40 anos e mesmo assim não deixa de lotar os estádios, partida após partida. De qualquer forma, tenho de escrever sobre o amargo empate da noite de quarta feira. Muitos não concordarão, obviamente. Mas ainda assim mantenho a minha opinião, que creio ser a verdade, se é que ela existe.

Viu-se uma grande pressão alvinegra nos primeiros minutos. Estava claro que seria por pouco tempo. O time tentava, insistia. Mas faltava qualidade nos cruzamentos, nos lançamentos. O meio campo não criava e o relógio passava cada vez mais rápido, para angústia do torcedor. Quando Jô tocava na bola, era a esperança de uma boa jogada. Só que o objeto redondo chegava quase sempre quadrado. Começariam as vaias para os jogadores.

Será mesmo que vaiar é a melhor forma de chegar ao sucesso? Ou seria uma tolice por parte dos torcedores? Alguns se recusam a aceitar a realidade e vaiam aqueles que tentam ajudar. Não se pode reclamar da falta de vontade dos jogadores. Talvez possamos reclamar da falta de qualidade. Se ela falta, é culpa do presidente, que disponibilizou ao treinador estes jogadores. Do presidente que acerta uma, a cada 5 contratações.

Algum jogador ganha motivação e confiança quando é vaiado? Pelo contrário. A vontade vem dos gritos da torcida - que ontem não fez jus ao seu renome - vem dos aplausos. Quando Danilinho tocava na bola, era vaiado. Ele pode errar muitos passes, jogadas. Porém já provou que tem qualidade. Já nos ajudou no pior dos nossos anos. Sem falar que é um dos nossos melhores meias. Não chegará nenhuma contratação. Temos de apoiar quem nos defende.

Vaiar só queima o jogador. Depois, ele sai e brilha em um clube que não tem tanta pressão. Aí vem a lamentação dos torcedores. Precisamos passar confiança aos nossos jogadores. Querendo ou não são eles que nos representam em campo. Enquanto isso, fora dele, o presidente e o diretor prometem uma contratação para a "próxima semana". Aguardo há meses esta semana que não chega. Aguardo, também, o "presente de Natal".

Só que o presidente ninguém quer vaiar. Ele está sempre certo. Afinal, não foi ele que nos trouxe vários títulos importantes? Sou muito grato pelo que fez financeiramente para o Atlético. Mas no futebol, que é o mais importante, ainda deve, muito. Seu "braço direito" nada somou ao Galo. São eles que podem nos fortalecer, com novos reforços. Não fulanos e ciclanos, como temos visto. Mas jogadores que possam realmente fazer a diferença. A nosso favor.

Não vangloriem as pessoas erradas. Ontem, Escudero não foi bem. Mas não deveria ter sido vaiado. Não porque tem muito a mostrar. Bernard correu, correu e no fim foi outro que saiu cabisbaixo. É um jovem, que tem muito o que aprender. Vaiar só irá desmotivá-lo. Dois jogos sem vaias foram o suficiente para Richarlyson evoluir. Contra o Bahia, foi um dos melhores. Giovanni não falhou. Torcedores mandaram-o para aquele lugar. Não pensaram que não ajuda.

O campeonato ainda está no início. Jogadores se recuperam de lesões e o time ainda está se encaixando. Vaias só atrapalham e se contrapõem às vitórias. Um grito de apoio pode e muito mudar um jogador. Mesmo se não mudar, não irá atrapalhar. Temos de cantar mais e vaiar menos. A enrolação das contratações não tem data para o fim. Sendo assim, são estes jogadores que carregarão o escudo Atleticano ao longo do campeonato. Apoiem-nos.

Se tem alguém que deve ser vaiado é, Alexandre Kalil, para que assim ele entenda que não é ídolo e que deve trabalhar e contratar para que o Atlético volte a ser grande. Reitero que o torcedor alvinegro e isento de qualquer culpa. Mas talvez por esgotar sua paciência ano a ano, com campanhas desastrosas, queime jogadores que fazem o melhor pelo clube. Um simples grito de "GALO!" ajuda muito mais que minutos reproduzindo a vogal "U".

Eu quero o Galo de volta...

Pedro Henrique Uchôa

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Edição sobre imagem de Moacir Gaspar | Blog Somos Galoucura