Onde está o vingador?

O hino do Galo é sem dúvida um dos mais bonitos do futebol brasileiro e quiçá mundial. Ver a Massa entoando o canto é algo arrepiante, que vem da alma, tanto que é cantado em primeira pessoa do plural, - “Nós somos do Clube Atlético Mineiro [...]” - fazendo a torcida se sentir como sendo o clube. O próprio Vicente Mota (criador do hino) disse uma vez: “Fui para casa e pedi a Deus que sentasse ao meu lado quando eu começasse a escrever. E Ele não apenas se colocou ao meu lado, mas segurou minhas mãos e fez esta obra!”. Obra que traduz a história do clube, pelas conquistas (Nós somos campeões do gelo, o nosso time é imortal/ Nós somos campeão dos campeões, somos orgulho do esporte nacional), pelo sentimento de amor eterno da torcida com o time (Clube Atlético Mineiro, uma vez até morrer) e principalmente pelo espírito de luta, garra e determinação (Jogamos com muita raça e amor, vibramos com alegria nas vitórias, Clube Atlético Mineiro, Galo forte vingador).

Não somente o hino como também o mascote exalta a raça do Clube Atlético Mineiro, que Mangabeiras definia a relação entre eles da seguinte forma: “O Atlético sempre foi um time de raça. Mais parece um galo de briga, que nunca se entrega e luta até morrer!”. É por essa garra que sempre fora característica ao Galo Carijó que escrevo à vocês no dia de hoje.

Perguntei-me muito durante a semana o que acontecera com o “Galo Forte Vingador” presente em toda história atleticana, tempos em que quem vestia a camisa alvinegra entrava em campo com um único ideal: “vencer, vencer, vencer”. Jogadores que vestiam o manto sagrado para “lutar, lutar, lutar, com toda nossa garra", eram verdadeiros soldados que vestiam a farda e iam à luta para levar o exercito a vitória. Caso ela não fosse possível pela qualidade técnica, o espírito de luta entraria pelas veias de cada um dos que entravam em campo com um único objetivo: vingar a nação e destruir os rivais. O que decidiria a favor do Galo seria a raça de cada um no campo de batalha.

Perguntei-me o que acontecera com esses jogadores de raça e vontade que passaram pelo Atlético durante seus 103 vitoriosos anos. Não consegui chegar a uma conclusão, apenas aumentei o número de perguntas em minha cabeça. Por que os atuais jogadores, mesmo ganhando centenas de milhares todo mês, não honram a tradicional raça atleticana? Por que esses não têm o espírito lutador do Galo Carijó, que só sai de uma batalha depois de morto? O que faz um time deixar o maior rival invadir sua defesa seis vezes durante um jogo que devia ser considerado por eles a mais importante partida de suas vidas? Prefiro não imaginar que fizeram isso por dinheiro, porque se isso aconteceu, esse time não tem mais motivos para se chamar Atlético, vestir a camisa preto e branca, ser chamado de Galo e ter exaltado no hino a garra que sempre fora característica. O verdadeiro Clube Atlético Mineiro, dono da camisa alvinegra e com o ideal vingador, jamais se venderia para nenhum rival. Os verdadeiros soldados que honraram essa camisa ao longo da centenária nunca seriam capazes de trair a confiança da Nação atleticana. Os verdadeiros soldados desse exército chamado Atlético dariam a vida dentro do gramado para deixar os adversários caídos ao chão.

O que pedimos à você, Renan Ribeiro, não é que tente ser um novo João Leite. Aos senhores Réver e Leonardo Silva, não queremos que sejam como Luisinho ou Vantuir. Aos senhores Carlos César, Richarlyson e Serginho, não pedimos que joguem como Cincunegui ou Oldair. Aos Pierre e Fillipe Soutto, não queremos que incorporem Cerezo ou Zé do Monte. Ao senhor Daniel Carvalho, não queremos que ele tenha a capacidade de Paulo Isidoro. Aos André e Magno Alves, não queremos que tenham a genialidade Reinaldo e o faro de gol de Dario. Ao técnico Cuca, não pedimos a inteligência do mestre Telê Santana. Primeiro porque vocês nunca serão como eles. Apenas pedimos que honrem as cores que uma vez esse gênios vestiram e, se eles a honraram, por que vocês não conseguem? A única coisa que pedimos à vocês é a volta do Galo Forte Vingador!

ABRAÇO MASSA!

Matheus Canazart

Imagem: Internet