domingo, 29 de abril de 2012

Metamorfose Atleticana


A torcida atleticana sempre fora conhecida pelo amor, apoio incondicional e por valorizar a raça dos jogadores mais que qualquer outra coisa. O respaldo sempre fora diretamente proporcional á vontade e à gana dos jogadores. Quanto maior a dignidade demonstrada em campo, maior o suporte vindo das arquibancadas.

A raça dos soldados trajados de preto e de branco muitas vezes superava a melhor técnica adversária. Nos últimos anos, as coisas estão diferentes. Tal metamorfose tem início na Sede do clube, mais precisamente na sala do Presidente. Contratações mal explicadas e por valores exorbitantes, gosto estranho por atletas com passagem no time azul. Jogadores que nem de longe têm a raça atleticana em seus sangues. Jogadores mais preocupados com a conta bancária que em jogar futebol e honrar a camisa que um dia gênios, algumas vezes pela técnica outras pela raça, usaram. A mudança na sala do presidente reflete na mudança de quem vive nas arquibancadas.

Ter raiva por quê? Vivo a 16 anos essa mesma cena de falta de respeito vindo dos gramados. Jogadores que xingam, pedem silêncio e na pior das hipóteses mostram as partes para os torcedores. Em outros anos estaria eu comemorando o gol do jogador mais caro da história do futebol mineiro e gritando o nome de cada um dos que em campo venceram o Tupi por 1x0 e estavam na final do Campeonato Mineiro. Em outros anos eu xingaria os jogadores adversários e não o “craque” do time, por ter feito um gol, pouco importaria a comemoração.

As coisas no Atlético estão deveras em metamorfose. O ideal de vingança e de honra, descritos no hino já não existem. Assim como inexiste o concepção da arquibancada de apoiar sempre, independente da situação. A segunda concepção não tem como prevalecer sobre a falta da primeira. 

O grito “Eu quero é raça, do time todo” não tem mais razão de ser cantado antes dos jogos. Primeiro porque tal raça não passa de uma antiga lembrança. Segundo porque o time já não existe, a camisa atleticana está sendo usada por peladeiros que ganham centenas de milhares para não jogarem e ainda assim mandarem os torcedores calarem a boca. O Clube Atlético Mineiro não entra mais em campo, ele fica nas arquibancadas, nos corações e nas gargantas de cada um dos torcedores que gritam com jogadores de forma a tentar expulsar os parasitas que tentam nos tomar o Atlético. Parasitas que zombam do próprio Atlético e recebem para isso.

A explicação para a mudança nas arquibancadas é simples. Nós torcedores estamos tentando expulsar os exploradores de dentro de campo para recolocar o verdadeiro Clube Atlético Mineiro, que hoje só existe nos torcedores, de volta aos gramados.

A cobrança já não é contra o próprio patrimônio. O único patrimônio que nos resta é a arquibancada. Precisamos expulsar os parasitas, o triste passado recente tende a permanecer como presente. Para evitar que o futuro ainda seja assim precisamos juntos mudar o que acontece nas arquibancadas e em consequência retomaremos o padrão antigo de apoio em troca de raça.

O que aconteceu diante do Tupi foi o início de uma revolução. É provável que André, Richarlyson e seus amigos ainda permaneçam como titulares da equipe na reta final do Campeonato Mineiro e possivelmente para o restante do ano. Devemos mostrar a eles que não existirá apoio, enquanto não permitirem que o verdadeiro Atlético entre em campo. Os jogadores não devem ter seus nomes gritados enquanto não fizerem por onde.

O que imploro não é muito, só quero raça, a volta do adormecido Clube Atlético Mineiro. Prometo que serei o primeiro a aplaudir cada um dos que vestirem essa camisa com honra e gana.

ABRAÇÃO MASSA!
Matheus Canazart

Imagem: Moacir Gaspar | Blog Somos Galoucura

4 comentários:

  1. excelente como sempre Mateus...a atitude do André ontem foi a gota d'agua...magoa vários corações que amam demaais essa instituição..o jogadores são funcionários...JAMAIS serão maiores que o clube...

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  2. Texto muito bom. O André vacilou com a massa e vai pagar caro por isso.

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  3. Matheus o seu brilhantismo nesse texto me fez sentir em cada uma das suas afirmações, FANTÁSTICO, mto bem escrito, cheio de alma, cheio de verdade!

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  4. Primeiro, não consigo vir aqui sem elogiar o visual.
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    "O único patrimônio que nos resta é a arquibancada."
    .
    Sinceramente, acho que é o que ainda me liga tão forte ao Galo. Foi foda um dia acordar e ver que não existia mais o brilho que eu via nas chuteiras.

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