Não pare de sonhar

Creio que, pela primeira vez, estou deixando a razão de lado para vir aqui escrever esse texto. Poderia vir aqui e comentar sobre a palhaçada dos hermanos, poderia vir aqui comentar sobre a arbitragem que começou a operar nosso Galo, ou então até mesmo compor uma crítica construtiva acerca da quantidade e constância de gols sofridos em nossos domínios. Mas não, hoje eu venho aqui para comentar sobre algo que, não somente eu, mas todo Atleticano, garanto, está sentindo agora. Pare um minuto e reflita: o que pode ser feito em 42 anos? 

Você pode construir uma família, se formar na faculdade oito vezes, chegar a cargos altos em uma empresa... Enfim, é muito tempo e muitos objetivos poderiam ser alcançados. Mas sabe o que uma tal raça denominada "Atleticanos" fez? 

Torceu, chorou, sofreu, xingou, acreditou, sonhou. O bordão "Contra tudo e contra todos" não se aplica tão bem a nada como a torcida do Galo. Fomos diversas vezes contra a própria família, contra as próprias prioridades, contra as condições financeiras e contra nossa racionalidade. Fomos ao inferno e voltamos com esse time durante 42 anos. Brigamos, discutimos, defendemos o indefensável como advogados natos, perdemos algumas "amizades", conquistamos outras tantas, fizemos da Massa nossa segunda família, mas nunca deixamos de acreditar. 

Por mais que, algumas vezes, nos encontrássemos desiludidos, nunca deixamos de ter a esperança de ver o Atlético voltar a ser o que já foi um dia, voltar ao seu lugar de direito: o topo. Não estou dizendo que a batalha chegou ao fim, longe disso. Mas não posso deixar de afirmar que estamos no caminho certo, na hora certa com os jogadores certos e no lugar certo. Nunca tivemos tantos motivos para acreditar e abraçar o Galo em busca de um título. 

Quantas vezes já levantamos times com jogadores descompromissados e fracos tecnicamente no grito? Quantos jogos, até então perdidos, viramos no grito? Quantas vezes já fizemos o mundo se perguntar de onde vem tanta loucura por um time? Aliás, time não, o Galo é muito mais do que isso. O Galo é um amigo, um irmão, algo que nos acompanha de alguma forma em cada momento de nossas vidas. 

 Por vezes, tenho pedido para me darem um soco, um beslicão para que eu possa ter a convicção de que estou acordado, de que é realidade, de que o momento que passamos com o Galo é real, é mais que um sonho. Cada grito de "Galo" que ecoa no ar eu sinto a conquista mais perto, cada vitória é um passo que o Atlético dá rumo a glória. O que eu tenho a dizer, meu caro Atleticano, é que não pare de sonhar, não pare de apoiar. Independente do final que essa temporada nos reserva, são novos tempos, tempos de alegria, de vitórias. Está chegando a hora de apavorar o mundo com esse grito de "Campeão" que está entalado há quatro décadas.

Luís Eduardo

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Edição sobre imagem de Bruno Cantini | Site Oficial do Galo