Com a força da Massa, que, neste contexto, agia tanto dentro quanto fora de campo (diretamente, porque, indiretamente, sempre influenciamos os resultados), o Atlético fazia seu nome propagar em cada esquina da cidade e aumentava, por conseguinte, a sua fama. Não era aquele time elitista, como em outros estados brasileiros era comum de se ver. Era o time do trabalhador, do estudante, do jovem e do idoso. E a principal característica daquele time, era, indubitavelmente, a vontade, a raça. A qualidade de dribles bonitos e do futebol vistoso ficava por conta do adversário, que, mesmo que aparentemente encantasse mais, ao final das partidas se via derrotado pela força de um grupo unido e valente.
Pouco tempo mais tarde, em 1914, o time se tornava campeão da Taça Bueno Brandão, o primeiro torneio oficial de futebol de Belo Horizonte. Começava ali a saga de conquistas - embora estas tenham um significado muito mais abrangente - do clube mais vitorioso das Minas Gerais. Na sequência, vieram mais inúmeros títulos que enchiam a galeria de troféus do Alvinegro. Vieram também os grandes jogadores, que entraram na história, de forma notória, do Atlético. Jairo, Said e Mário de Castro formavam o temido Trio Maldito, que amedrontava qualquer que fosse o inimigo. Juntos, marcaram pouco mais de 460 gols em 5 anos de alegrias. Lucas, Nívio, Guará, "El Tigre", Kafunga e Ubaldo também entraram nesta galeria, com números impressionantes. Porém, essas são histórias para outro dia.
Nos anos seguintes a história foi a mesma, sempre supremo o Atlético, que no final da década de 1930 começava a ser conhecido como Galo, por sua raça e espírito guerreiro e vitorioso, continuava a erguer taças. A sucessão de conquistas, não só na esfera nacional como também internacional, continuava até o início dos anos 60, quando o time passou por momentos difíceis. Mas a partir de 1970 viria a volta da supremacia, com a conquista do primeiro Campeonato Brasileiro, em 1971 e de incontáveis títulos em suas várias viagens à Europa. Dadá Maravilha, Reinaldo, Cerezo, Éder Aleixo e vários outros ajudavam a traduzir o que era o Galo: um time que encantava qualquer um que parasse para vê-lo. Assim sucederam-se vitórias e mais vitórias que foram parando, gradualmente, até 1990.
O Galo era temido por todos, não só por seus grandes jogadores, mas também e principalmente por seu maior patrimônio, a sua torcida. Era preciso parar este time de alguma maneira e a única solução encontrada foi a manipulação de resultados, com arbitragens tendenciosas - que infelizmente ainda vigoram - que fizeram o clube perder força. Foi então que entrou em cena a mais fanática torcida do Brasil, que carregou e carrega o time até hoje, fazendo-o ser um dos mais temidos da América do Sul. A Massa já fazia um espetáculo quando o time se dava bem e arrasava seus adversários, mas em 1990 ela precisou entrar em ação e mostrar o que realmente é o sentimento de amor sincero ao Alvinegro.
Por mais que eu tente, não sou capaz de traduzir completamente o que é esse sentimento. Poupo-me a dizer que é o mais puro e real dos fanatismos, que é acreditar e tirar força de onde ninguém mais tira, que é apoiar o time seja qual for a circunstância ou o desafio. É se contagiar com um único, mas bravo, grito de "Galo!", após uma derrota. É querer mostrar para todos o quão feliz e orgulhoso você é por ostentar o grandioso escudo do Clube Atlético Mineiro. É não se importar com as vitórias - mesmo querendo-as - e gritar ainda mais alto nas quedas. É cantar para todo o mundo: "Galo forte e vingador!", contagiando uma nação que tem o mesmo ideal.
E mesmo que o time tenha conseguido vitórias no final do século XX e início do século XXI, fez-se necessária, ainda mais, a presença do sentimento Alvinegro. Isso porque o calvário teve seu ápice em 2005, com a maior de nossas quedas. Todavia, estava lá a Nação Atleticana, que fazia parecer que o time ainda estava na elite. Eram recordes quebrados a cada partida, era uma festa atrás de outra, um verdadeiro espetáculo na grandeza que o Atlético merecia, que gafava toda a cidade e encantava, deixando perplexo, todo o Brasil. Porque, como dito anteriormente, esta é a essência do Atleticano: nunca desistir.
Hoje o Galo volta a remeter-nos ao passado que nos encanta. Um time unido, guerreiro e talentoso junta e mescla todas as qualidades necessárias para um elenco campeão. As conquistas já voltam a aparecer. Volto a dizer: conquista não é o simples fato de erguer um troféu. Conquista vai muito além, é um feito grandioso, heroico e, assim como o Galo, imortal. É vencer torneios com os maiores times do mundo, é vencer jogando na neve, como nunca antes havia jogado (1950). É vencer a seleção brasileira de Pelé e depois vestir a camisa da mesma para representá-la perante o mundo. É lotar estádios nas situações que, para os outros, chegam a ser incompreensíveis. É ser tão forte que só se pode ser derrubado com alguns (3, digamos) jogadores a mais. E todas estas o Atlético já tem em seu repertório de tradição imortal. Por isso ele é orgulho do esporte nacional.
25 de março de dois mil e treze. Parece que foi rápido, mas são 105 anos de muito esforço e dedicação de muitas pessoas. Parabéns para todos nós, que fazemos parte desta interminável paixão, chamada e conhecida pelo mundo como Clube Atlético Mineiro, que hoje faz seu centésimo quinto aniversário. Encerro, portanto, com a famosa frase que deve estar na cabeça de todos Alvinegros: eu não sou torcedor, eu sou Atleticano!
Torcendo contra o vento
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