terça-feira, 24 de julho de 2012

O que a chuva leva, a água traz

Lembro de uma vez, sentado ao lado do meu pai, em 9 de Dezembro de 2001, estar assistindo a semifinal do Brasileiro daquele ano, disputada entre Atlético x São Caetano. O Atlético tinha um time incrível com Velloso, Álvaro, Gilberto Silva, Ramon, e claro, Guilherme e Marques no ataque, o São Caetano, maior surpresa da divisão mais nobre do futebol nacional tinha um time mais modesto, enquanto o Galo tinha tudo para conquistar o bi campeonato nacional após exatos 30 anos.

Tudo começou como planejado, gol de Valdo aos 18 minutos do primeiro tempo chutando cruzado no canto direito de Sílvio Luiz. Acredito que, como eu ouvi meu pai dizer no momento, todo atleticano pensou: “30 anos depois, esse título é nosso, novamente.” Porém, aconteceu o fato que me fez entender que o Galo é diferente de tudo e nunca nada seria fácil para nós, um temporal que não era previsto e sem precedentes na história recente do ABC Paulista começou a cair, o gramado do Anacleto Campanela se tornou um pasto, o que para o Galo, time de toque de bola e jogadas em velocidade, era terrível. Por outro lado, para um time que teria que se aventurar em chutes de fora da área e cruzamentos a esmo, como era o caso do São Caetano, era ótimo. Levir Culpi podia ter pedido a paralisação da partida naquele momento, mas não o fez, o chute de Ramón logo após o Gol do Galo podia ter entrado, mas não entrou e as duas cabeçadas de Magrão poderiam ter ido pra fora, ou então sido defendidas por Velloso, enfim, poderiam não ter resultado em gol, mas resultaram, e o São Caetano, com seu modesto e desconhecido time, eliminou o forte Atlético, que dois anos após o desastre de 1999 deixou o grito de “é CAMpeão !” engasgado na garganta da massa, outra vez.

Nesse dia, entendi que o Galo era único, que nunca nada seria fácil, nunca imprevistos deixariam de acontecer para tentar nos atrapalhar e que sempre lutaríamos contra tudo e todos, seja o adversário, as próprias limitações ou até mesmo, no caso, a chuva . Entendi que não éramos uma nação ou um bando de loucos, mas sim uma massa que independente da classe social, religião, raça, descendência ou cor compartilhamos o mesmo sentimento de amor, ódio, frustração, desconfiança, paixão, loucura e dependência pela instituição Clube Atlético Mineiro. Para ser Atleticano o racionalismo tem que ser deixado de lado, tem que se acreditar mesmo quando não há motivos para isso e tem que se confiar, mesmo quando durante os 41 anos anteriores o time tenha tirado todas as suas razões para isso.

Este ano temos uma equipe madura, unida, que mescla velocidade e técnica e alia juventude e experiência. Podemos sim conquistar o título, os argumentos dos adversários estão caindo por terra um por um, deixamos de ser uma aposta, e hoje somos favoritos e realidade para a conquista do Brasileiro. Por isso devemos sim crer que as coisas mudaram, que voltamos a ser o Atlético que aonde vai é respeitado pelos adversários, voltamos a ser o Galo que tem seu manto listrado em alvinegro temido Brasil afora.

Portanto, digo que é impossível não se lembrar das decepções de 2009, 2001, 1999, 1987, 1980 e 1977/78 por exemplo, mas por outro lado digo que também é impossível, mesmo que em pensamento o Atleticano não solte aquele famoso “Agora vai...”. Vamos rumo ao bi contra tudo e contra todos, e agora 41 anos depois, espero no dia 2 dezembro estar novamente ao lado do meu pai no Independência para gritar mais do que nunca que somos campeões, e valeu a pena esperar.

Luís Eduardo

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Um comentário:

  1. Acompanho o nosso galo desde 1994 e ja naquele meu primeiro ano como apaixonado com apenas 9 de idade sofri nas semi do brasileirao com 3 gols do reinaldo no mineirao contra o corinthians e depois a derrota magra por 1 a 0 em sp.
    Somos uma torcida sofrida, porem aguerrida e sempre confiante! Por isso somos diferentes! Seremos sempre galo!

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