segunda-feira, 16 de julho de 2012

Nos Olhos do Leitor - Figueirense 3 x 4 Atlético

Eu estive no jogo e declaro indescritível o meu sentimento no estádio. Um misto de esperança, desespero, raiva, mais esperança, mais desespero e o extâse, por fim. Cheguei ao Orlando confiante pelo histórico de bons resultados para o Atlético nos jogos em Floripa, os quais presenciei a todos desde que vim morar aqui - há exatos seis anos, associado ao forte elenco e resultados excepcionais que viemos conquistando nessa temporada. 

Ao fazer o primeiro gol, tive certeza da vitória, da conquista do campeonato, da briga pela Libertadores, do Mundial, enfim, o turbilhão de ilusões passava pela minha cabeça. Abaixando a adrenalina, logo senti uma angústia ao ver o time se recuar e começar a segurar o jogo logo aos 20 minutos do primeiro tempo! Sempre tenho em mente que a melhor defesa é o ataque e sabia que o Galo estaria muito mais protegido caso mantivesse a postura adotada até alcançar o gol. 

Tentava não me abater, pensando comigo que "esse ano é diferente, estamos jogando com paciência, inteligência, sem afobação; esse ano vai...", mas mal conseguia me enganar com esses argumentos quando veio o empate. Controlei minha ansiedade, pois ainda havia muito jogo e, afinal, aquele susto despertaria nossos guerreiros e não passaria de um alerta para esta e as próximas partidas, de que a guerra só acaba quando a batalha termina. 

O que vi, no entanto, foi um Atlético momentaneamente confuso, que não sabia se o empate era um bom resultado ou se arriscaria perdê-lo ao buscar a vitória e, sem se definir estrategicamente, não pôde conter o embalo adversário que resultou no segundo gol. Um banho de água gelada, mas eu sabia que vinha o intervalo, que uma boa mudança e correções necessárias na marcação naturalmente traria de volta nosso time aguerrido. 

A raiva veio ao ver o técnico colocar um volante no time e, pior, não era "qualquer" voltante: era o Serginho. A fúria tomou conta quando ele perdeu uma bola no meio de campo, ligando um contra-ataque quase fatal do adversário - nesse momento, todos os palavrões jamais utilizados na Língua Portuguesa passaram pela minha cabeça e, provavelmente, pela minha boca. 

Estava cego de ódio, o suficiente para não ver direito o que se passou no terceiro gol. O desespero foi, então, anestesiado pela resignação de uma iminente derrota e, naquele momento, confesso que, pela primeira vez durante a uma hora em que eu estava no campo, sentei-me para simplesmente assistir ao restante da partida e aguardar os cinco minutos finais para antecipar minha saída e evitar congestionamento e comemorações adversárias nas ruas. 

Mal havia começado uma mensagem no Twitter amaldiçoando as últimas quatro gerações do Cuca quando subitamente interrompi para assistir ao lance que resultou no segundo gol atleticano na partida. Não comemorei; limitei-me a verificar nos meus arquivos mentais o histórico de um clube que, desde que me entendo por gente, chega perto e, no apagar das luzes, acaba deixando as vitórias capitais esvaírem por entre os esporões sem conseguir reverter o quadro. 

Algo como ansiedade e revolta me tomou: ora, para que fazer um segundo gol se não para empatar e, depois, para virar a partida? Para que nos dar esperança, senão para buscar a vitória até a morte? Para que... Não consegui completar o raciocínio por que iniciara-se a jogada de que resultaria o terceiro gol, que me impulsionou da cadeira e me causou uma vertigem inexplicável, inenarrável. Uma prenuncia de que aquele era um Galo diferente, maduro, estruturado, consciente; de que, mesmo as substituições aparentemente mais absurdas são meticulosamente calculadas e isentas de paixão ou parcialidade. De que, enfim, este é um Galo profissionalizado, racional e estrategista. 

Já considerava o empate uma vitória, mas tinha comigo uma convicção absoluta de que a virada seria uma questão de tempo - e foi. Naquele momento, a certeza de que eu havia feito história comparecendo a uma emocionante partida estrelada pelo futuro campeão brasileiro me tomou completamente. 

Esse, definitivamente, é o Clube Atlético Mineiro por quem a torcida chora; por quem seus guerreiros dão o sangue; por quem o mais glorioso Hino do futebol brasileiro foi escrito; por quem vocês, aqui, dedicaram este sensacional espaço e seu precioso tempo. Saúdo os representantes da raça e da paixão de toda uma nação de fanáticos. Parabéns pelo nosso Galo!

Flávio Veloso 
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Edição sobre imagem de Moacir Gaspar | Blog Somos Galoucura

Um comentário:

  1. só falo uma coisa, nem tudo que esta perdido esta perdido, eu tinha entregado o jogo pras almas ja kkkkkkk mas o Galo é forte e vingador !

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