Eu estive no jogo e declaro indescritível o meu sentimento no estádio.
Um misto de esperança, desespero, raiva, mais esperança, mais desespero e
o extâse, por fim. Cheguei ao Orlando confiante pelo histórico de bons
resultados para o Atlético nos jogos em Floripa, os quais presenciei a
todos desde que vim morar aqui - há exatos seis anos, associado ao forte
elenco e resultados excepcionais que viemos conquistando nessa
temporada.
Ao fazer o primeiro gol, tive certeza da vitória, da
conquista do campeonato, da briga pela Libertadores, do Mundial, enfim, o
turbilhão de ilusões passava pela minha cabeça. Abaixando a adrenalina,
logo senti uma angústia ao ver o time se recuar e começar a segurar o
jogo logo aos 20 minutos do primeiro tempo! Sempre tenho em mente que a
melhor defesa é o ataque e sabia que o Galo estaria muito mais protegido
caso mantivesse a postura adotada até alcançar o gol.
Tentava não me
abater, pensando comigo que "esse ano é diferente, estamos jogando com
paciência, inteligência, sem afobação; esse ano vai...", mas mal
conseguia me enganar com esses argumentos quando veio o empate.
Controlei minha ansiedade, pois ainda havia muito jogo e, afinal, aquele
susto despertaria nossos guerreiros e não passaria de um alerta para
esta e as próximas partidas, de que a guerra só acaba quando a batalha
termina.
O que vi, no entanto, foi um Atlético momentaneamente confuso,
que não sabia se o empate era um bom resultado ou se arriscaria perdê-lo
ao buscar a vitória e, sem se definir estrategicamente, não pôde conter
o embalo adversário que resultou no segundo gol. Um banho de água
gelada, mas eu sabia que vinha o intervalo, que uma boa mudança e
correções necessárias na marcação naturalmente traria de volta nosso
time aguerrido.
A raiva veio ao ver o técnico colocar um volante no time
e, pior, não era "qualquer" voltante: era o Serginho. A fúria tomou
conta quando ele perdeu uma bola no meio de campo, ligando um
contra-ataque quase fatal do adversário - nesse momento, todos os
palavrões jamais utilizados na Língua Portuguesa passaram pela minha
cabeça e, provavelmente, pela minha boca.
Estava cego de ódio, o
suficiente para não ver direito o que se passou no terceiro gol. O
desespero foi, então, anestesiado pela resignação de uma iminente
derrota e, naquele momento, confesso que, pela primeira vez durante a
uma hora em que eu estava no campo, sentei-me para simplesmente assistir
ao restante da partida e aguardar os cinco minutos finais para
antecipar minha saída e evitar congestionamento e comemorações
adversárias nas ruas.
Mal havia começado uma mensagem no Twitter
amaldiçoando as últimas quatro gerações do Cuca quando subitamente
interrompi para assistir ao lance que resultou no segundo gol atleticano
na partida. Não comemorei; limitei-me a verificar nos meus arquivos
mentais o histórico de um clube que, desde que me entendo por gente,
chega perto e, no apagar das luzes, acaba deixando as vitórias capitais
esvaírem por entre os esporões sem conseguir reverter o quadro.
Algo
como ansiedade e revolta me tomou: ora, para que fazer um segundo gol se
não para empatar e, depois, para virar a partida? Para que nos dar
esperança, senão para buscar a vitória até a morte? Para que... Não
consegui completar o raciocínio por que iniciara-se a jogada de que
resultaria o terceiro gol, que me impulsionou da cadeira e me causou uma
vertigem inexplicável, inenarrável. Uma prenuncia de que aquele era um
Galo diferente, maduro, estruturado, consciente; de que, mesmo as
substituições aparentemente mais absurdas são meticulosamente calculadas
e isentas de paixão ou parcialidade. De que, enfim, este é um Galo
profissionalizado, racional e estrategista.
Já considerava o empate uma
vitória, mas tinha comigo uma convicção absoluta de que a virada seria
uma questão de tempo - e foi. Naquele momento, a certeza de que eu havia
feito história comparecendo a uma emocionante partida estrelada pelo
futuro campeão brasileiro me tomou completamente.
Esse, definitivamente,
é o Clube Atlético Mineiro por quem a torcida chora; por quem seus
guerreiros dão o sangue; por quem o mais glorioso Hino do futebol
brasileiro foi escrito; por quem vocês, aqui, dedicaram este sensacional
espaço e seu precioso tempo. Saúdo os representantes da raça e da
paixão de toda uma nação de fanáticos.
Parabéns pelo nosso Galo!
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Edição sobre imagem de Moacir Gaspar | Blog Somos Galoucura
só falo uma coisa, nem tudo que esta perdido esta perdido, eu tinha entregado o jogo pras almas ja kkkkkkk mas o Galo é forte e vingador !
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