quinta-feira, 21 de junho de 2012

Sonhando alto?

(...) Era manhã de domingo. Não uma manhã qualquer, mas a manhã de domingo. Naquele dia, a cidade estava calada, não havia movimentação nas ruas. Todos esperavam pelo evento que marcaria aquela data: 2 de dezembro de 2012. Esperavam aflitos, esperavam ansiosos, esperavam inquietamente. Nada mais fazia sentido, senão o que ocorreria no Estádio Raimundo Sampaio, vulgo Independência - Arena do Galo, como queiram - era a nossa chance.

O tempo passava e cada vez mais nos aproximávamos daquele momento que ficaria na lembrança de todo alvinegro. Os bares abriam suas portas, colocavam as cadeiras para fora e esperavam pelos clientes, já com as televisões bem postadas. Ninguém gostaria de perder aquele jogo. Era um clássico, mas também muito mais que isso. O Galo dependia apenas de uma vitória para se sagrar "Campeão Brasileiro" de 2012. Do outro lado, estava o 4° time de Minas Gerais. Não seria uma tarefa das mais fáceis, seria uma decisão que certamente entraria para a história.

Nos arredores do Independência, os torcedores já começavam a se locomover em direção a ele. O arrepiante grito de "GALO" já se propagava pela região. Do Céu Azul ao Mangabeiras só se ouvia um hino sendo tocado. Quanto mais próximo da hora do jogo, mais a cidade brilhava em preto e branco. A festa para a comemoração do esperado título já estava programada. Mas faltava o mais importante, faltava o jogo, mas, principalmente, faltava o gol.

Quando reparei, já se encontravam perfiladas no gramado as duas equipes. De um lado, Ronaldinho, Escudero, Réver e o artilheiro Jô. Do outro, a famosa retranca de Juarez. No apito estava o nosso maior desafio daquela tarde-noite de domingo. Nas arquibancadas as bandeiras tremulavam e os tambores faziam barulho. Estava tudo pronto para começar o grande espetáculo. 90 minutos para o Atlético se reerguer e voltar ao cenário esportivo mundial.

Dentro de campo a guerra estava formada. Ninguém queria deixar as quatro linhas derrotado. Pierre brigava por cada bola como se fosse a última; Réver desarmava com a precisão de praxe; Giovanni fazia o impossível e salvava o que em sua direção ia; Escudero colocava Jô na cara do gol; Ronaldinho desequilibrava a partida com seus passes esplêndidos. Era um time que dava gosto de se ver, que empolgava como há muito tempo não se via no Atlético.

Só que o tempo passava e apesar das inúmeras chances criadas o placar continuava em branco. O sorriso de antes fora trocado pelos olhos perplexos diante de mais uma chance desperdiçada. O assistente levantava a placa de acréscimos indicando dois minutos recuperados. Toda a felicidade de uma volta por cima dava lugar a uma amargura sem fim. Foi então que Ronaldinho pegou a bola, deu dois dribles desconcertantes e tocou-a com sua marca registrada, olhando para o lado oposto. Ela caiu nos pés de Escudero, que dentro da área, tocou de leve e colocou-a "onde a coruja dorme", abrindo o placar com maestria, colocando o Galo em seu devido lugar.

Era uma alegria inimaginável e gritos que poderiam ser ouvidos a quilômetros de distância. As camisas giravam no ar e o hino tomava conta do Independência. Os foguetes já coloriam o céu e tornavam aquela noite ainda mais inesquecível. Quando se ouviu o apito final, todos correram para o círculo central e se abraçaram, comemorando aquela conquista. Nas ruas, o silêncio matutino era substituído por buzinaços ensurdecedores. Ninguém esperou tanto tempo como a torcida atleticana. Anos de apoio incondicional e estádios lotados culminavam em uma campanha regular, que mostrava sobretudo a vontade, a raça que sempre marcou nossas batalhas, culminavam em um merecido prêmio, uma verdadeira conquista: o Clube Atlético Mineiro era Campeão Brasileiro de 2012. (...)

Eu quero o Galo de volta...
Pedro Henrique Uchôa

2 comentários:

  1. PQP Pedro, texto foda cara, eu imaginei por 10 segundos esse momento. Ainda não se cobra imposto por sonho no Brasil. Espero que dê tudo certo pra gnt esse ano.

    Gaaaaalooooo!!!

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  2. Muito bom Pedro, parabéns.
    Quem sabe veremos esse Galão destruidor, uahuhauhahu!

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