Errando mais uma vez

Por que o torcedor atleticano é diferenciado? Porque ele não cobra por títulos, apesar de querê-los. Ele se sente satisfeito com uma "simples" manifestação de amor ao clube, de vontade, uma manifestação de raça e amor à camisa. Será que os nossos dirigentes ainda não entenderam isso? Até quando é que irão insistir em contratar jogadores sem identificação e liberarão aqueles que nos trazem confiança, nos demonstram respeito e garra?

Não serão os "Ricardos Buenos" que entram em campo e não mostram vontade que irão nos reerguer. Serão aqueles que sabem da responsabilidade de vestir essa camisa e lá dentro farão de tudo para defender as cores preto e branco. O que se vê da diretoria não é isso; é uma imensa falta de critério e respeito ao torcedor. Deixam os que conquistaram identificação com o clube saírem pelos fundos, enquanto mercenários entram pela porta da frente.

E assim vai-se o respeito e chega a ganância. Viu-se, outra vez, um claro exemplo de respeito pelo clube ser liberado sem o menor esforço para mantê-lo. Falta critério a Alexandre. Luiz Eduardo, que nunca fez uma partida segura, teve seu contrato renovado. Lima, que sempre que entrou correspondeu, foi negociado. O que está acontecendo com o Atlético? Viramos uma simples vitrine para empresários alugarem? A raça não tem mais valor?

Que futebol é esse que no passado era visto como um claro exemplo de amor à uma instituição e hoje vê-se o dinheiro prevalecer? Como deve ser doloroso para nossos ídolos antigos avistar um contínuo processo de retrocesso. Lima não era craque, não era um excelente zagueiro. Mas fazia algo que poucos hoje conseguem fazer. Amava o clube e tentava demonstrar isso dentro de campo. Raça era o que predominava nas atuações, agradando o torcedor.

De nada vale isso para o presidente. Ele prefere visitar o outro lado da lagoa e contratar jogadores que em tese mostram o contrário. Nessa sequência de erros, o Atlético se afunda cada vez mais. Jogadores cobrando milhões para rescindirem seus contratos, exorbitantes cifras para assinar. E o amor, a raça, a vontade? Nem mesmo no Galo teriam vez? Será que nosso mandatário esqueceu-se do hino? (...) "com toda a nossa raça pra vencer" (...).

Eu não quero craques por aqui. Mesmo porque, nossa experiência com eles não é das melhores. Eu quero jogadores que se identifiquem e que me representem nos gramados. Aqueles que demonstram raça, aqueles que nos honram. Desinteressados e mercenários deveriam ser extintos do futebol. Como não é possível, deviam, ao menos, passar longe de Vespasiano. Não é isso que o torcedor quer. Queremos "Reinaldos", "Dadás", "Aleixos"...

Na briga entre as faltas, de vontade e habilidade, quem se dá melhor é a segunda. Kalil ainda não percebeu. Enquanto cabisbaixos saem os verdadeiros jogadores, os empresários fazem a festa em suas grandes mansões. O time não rende e tudo cai, novamente, nos braços dos que deveriam ser respeitados: os jogadores. Lima se foi. Tenho medo de que outros tenham o mesmo destino. No futebol do dinheiro, deve-se jogar com o amor, lutar.

Não me digam que sou pessimista, impaciente ou derrotista - até concordo com a última, mas muito se deve ao Galo - porque ano após ano renovo minhas expectativas com este clube. Eu nunca parei de cantar e nunca pararei, entretanto, não vejo correspondência dentro de campo. Para piorar, fora, vejo decisões erradas serem tomadas. Não é assim que o Atlético voltará ao cenário mundial, não é assim que voltaremos a comemorar. Obrigado Willian Lima!

Eu quero o Galo de volta...

Pedro Henrique Uchôa

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