No Barcelona a Base não é Muxiba

Chamou minha atenção matéria do portal Exame.com, que lista cinco linhas mestras adotadas pelo Barcelona e que fizeram do clube catalão, até o momento,  a grande potência futebolística do século.

Fiquei ainda mais interessado ao descobrir que a primeira linha mestra é “investir nos próprios talentos”.

A matéria de Daniela Barbosa relata que oito dos principais jogadores do Barça vieram da escolinha do clube, a ”La Masia”.

Lá, os jovens atletas são educados desde cedo de acordo com os valores do time catalão: espírito de equipe, auto-sacrifício e perseverança.

Ao subirem para a equipe principal levam consigo estes valores e os propagam aos atletas provenientes de outros lugares ou países. 

Fica claro que, tão ou mais importante quanto fazer um bom trabalho de revelação de talentos, é manter os principais deles no próprio clube, já que serão a base da equipe principal.

Desta forma a cultura e os valores do clube são respeitados e incorporados pelos atletas que chegam.

Há continuidade, tanto em relação aos talentos, que permanecem; quanto em relação às tradições e valores da agremiação, que são consolidados entre os profissionais.

O que o Atlético pode aprender com isso? Podemos aprender muito.

Salta aos olhos a falta de rumo e de estratégia da cartolagem atleticana em relação às divisões de base.

Ao chamar os jogadores da base de muxiba, por exemplo, o presidente Alexandre Kalil demonstrou desprezo e falta de respeito aos jovens atletas, assim como aos técnicos e coordenadores.

Além disso, deixou claro que o resultado que se busca com a base não é a formação de uma equipe principal vencedora ao longo dos anos seguintes.

É sim a produção de jogadores como se fossem mercadorias. No melhor estilo Perrela & Maluf.

Atletas são vendidos ao exterior tão logo se destaquem. Além disso, quando ainda estão nos juvenis e juniores, percentuais de seus direitos são vendidos a preço de banana para investidores.

Ao observar melhor as pessoas, descobrimos que é por meio de suas palavras e atitudes que elas se revelam.

Entendendo mais a fundo o significado da fala do presidente, muxiba é uma forma disfarçada de dizer “nossos jogadores são ruins. Bons são Guilherme, L. Silva, André, D. Souza, Fábio Costa, Jobson, Ricão...”

O trabalho capitaneado por André Figueiredo e Rogério Micale na base é bom. Só que o objetivo dos cartolas é obter receita financeira, quando o correto seria formar jovens talentos para a montagem de uma equipe titular conquistadora de títulos.

Vejam o caso do centroavante Kléber, de 22 anos, fazendo gols aos montes no FC do Porto. A venda de seus direitos ao clube lusitano rendeu para os cofres atleticanos dois milhões de euros, um terço do que foi investido no ex-cruzeirense Guilherme.

Seria muito melhor se hoje pudéssemos contar com o talento do artilheiro formado na Cidade do Galo, do que com o medíocre futebol do mariático. E ainda economizaríamos quatro milhões de euros.

Cabe também à torcida fazer sua parte. Vaiar jogadores como Serginho, Renan Oliveira e Renan Ribeiro é contraproducente. Jovens em fase de afirmação precisam do apoio da torcida para consolidar seu bom futebol.

Para vencer, vencer, vencer, no médio e longo prazos, precisamos entender que a base do sucesso começa com a formação e manutenção dos Fillipes, Bernards e Renans.

São jovens que podem criar raízes sólidas no grupo de profissionais. Pois são eles que conhecem e podem ensinar aos outros atletas, o real significado do clube, da camisa, da torcida, da Nação Alvinegra.

Neste momento o Galo luta para não cair e esta deve ser a prioridade.

Mas talvez estejamos diante de uma geração que poderá daqui a dois ou três anos empunhar o grito de Campeão.

Mas para isso, precisaremos que os homens que cuidam dos destinos do Atlético ajam com um mínimo de sabedoria para segurar esses jogadores no clube.

Leiam a matéria da Exame clicando aqui.

Xavi Hernandez, Messi e Iniesta são exemplos de jogadores formados nas categorias de base do Barcelona

Galera, o debate de idéias é importante.  Por isso peço que deixem seus comentários, mesmo que discordantes do texto. Sigam-me no twitter: @rickymoreyra. Abraço a todos.