Imortal

(foto: Daniel Teobaldo / Soul Galo)

Há 107 anos, o dia 25 de março não é apenas mais um dia. É a data que o Atleticano acorda com um sorriso a mais no rosto. É a data em que o armário é aberto, a camisa alvinegra fica nas mãos e - mesmo que o trabalho ou a escola impeçam o traje - suas cores se incorporam automaticamente a própria alma.

O 25 de março é o primeiro aniversário do Atleticano - o primeiro porque, antes mesmo de pisar na Terra, o Atleticano já está destinado a ser Atleticano. Na fila para descer ao mundo, tem a marca da glorificação, da vitória pelo sofrimento. Não são todos os seres que são permitidos de, no apagar das luzes, ressurgir como uma fênix e gabar da mais saborosa vitória. Não são todos os seres que são permitidos de viver e ser a própria história de superação. Não são todos os seres que são permitidos de, mesmo caídos, cantar com orgulho que são fortes, vingadores e assim se levantar. Não são todos os seres que são permitidos de cantar de peito cheio tal qual um Galo pela manhã.

O preto e o branco - junção da ausência de todas as cores e presença de todas elas - unifica os povos, as raças, as classes. Transforma vários em um só. Transforma uma instituição em um ser vivo e imortal. Transforma o Clube Atlético Mineiro no significado da vida, ou, ao menos, a justificativa para ser orgulhoso de quem é e de quem sempre será.

Abençoados sejam os 22 garotos que se reuniram há 107 anos no coreto do Parque Municipal. Abençoados sejam aqueles que traduziram sentimentos em uma camisa. Abençoados sejam aqueles que transformam o Galo em nós mesmos. Abençoado seja o Clube Atlético Mineiro.

Rafael Orsini