quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

E agora, José?

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
o ingresso acabou.
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz música,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem o Galo,
está sem discurso,
está sem churrasquinho,
já não pode beber,
já não pode xingar,
cantar já não pode,
a torcida esfriou,
o dia não veio,
o ingresso não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Seu amor em palavra,
seu instante de febre,
seu manto e pedido de "mais um",
os rivais como "bonecas",
seu cinto de couro,
seu dirigente rígido,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?

Com a bandeira na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer para cantar,
mas o canto vetou;
culpa da Minas (Arena),
Minas não te lembra mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você tentasse,
se você tocasse a música dos burgueses,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

De fora do jogo,
qual bicho-do-mato,
sem sua alegria,
sem um jogo duro para poder apoiar,
sem o alvinegro que marcha a galope,
você canta, José!
José, para onde?

*Adaptação do poema de Carlos Drummond de Andrade "José", de 1940
* José é mais um dos vários torcedores que ficaram sem ingresso para o jogo de domingo, na reabertura do Mineirão.


#vamuGALO
Rafael Orsini
Edição sobre imagem de Moacir Gaspar | Somos Galoucura

Um comentário:

  1. excelente versão...eu me junto ao José no grupo daqueles que não estarão no Mineirão domingo...

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